Ainda continuamos a permitir que nossas crianças tenham acesso a plataformas de Redes Sociais como TikTok e Instagram. Somos permissivos e mantemos as portas abertas para os riscos e os perigos dentro de casa.
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2022, que investigou os hábitos digitais de aproximadamente 26,6 milhões de crianças e adolescentes no Brasil, revelou que 96% dos usuários de internet entre 9 e 17 anos acessam a rede diariamente ou quase todos os dias. Redes sociais como TikTok e Instagram dominam esse cenário, sendo utilizadas por 86% dos entrevistados. Entre 2021 e 2022, essas plataformas cresceram 2%, com o TikTok se tornando a favorita de 46% das crianças de 11 e 12 anos, enquanto o Instagram atrai 51% dos jovens de 15 a 17 anos.
A pesquisa, realizada entre junho e outubro de 2022, envolveu 2.604 crianças e adolescentes, além de 2.604 pais e responsáveis, e reflete preocupações crescentes quanto à segurança digital. Cerca de 65% dos participantes afirmam estar frequentemente preocupados com a privacidade online.
O estudo também aponta que, a partir dos 11 anos, os jovens já demonstram conscientização sobre a necessidade de cuidados na internet: 79% são cautelosos com a exposição de informações pessoais, 77% só usam sites e aplicativos confiáveis, e 73% têm cuidado ao aceitar solicitações de amizade online. Além disso, 58% dos entrevistados evitam fornecer dados pessoais ao se registrar em redes sociais, jogos ou plataformas de música.
No entanto, apesar das boas práticas de segurança, ainda há falta de compreensão sobre o funcionamento de algoritmos, o que compromete uma experiência mais crítica e consciente na internet. Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, destaca a importância de educadores e pais orientarem as crianças para um uso mais responsável e reflexivo das plataformas digitais.
Entre as classes mais simples da sociedade, a conectividade limitada é uma realidade comum: 39% dos entrevistados relataram quedas frequentes na velocidade da conexão e 25% mencionaram que já deixaram de realizar atividades online por medo de acabar com os créditos de celular.
A pesquisa também evidencia disparidades no acesso à internet, com o uso da TV como dispositivo de conexão sendo mais comum entre classes mais baixas, além do aumento no consumo de jogos online, que requerem uma conexão de melhor qualidade – algo mais acessível às classes socioeconômicas superiores.
Luísa Adib observa que essas diferenças afetam o desenvolvimento de habilidades digitais e o aproveitamento pleno das oportunidades online, mesmo com os avanços no acesso à internet e nas políticas de inclusão digital.
Alexandre Barbosa, gerente do NIC.br, reforça que o foco não deve estar apenas em ter acesso à internet, mas em garantir uma conectividade significativa que permita o desenvolvimento de habilidades digitais e uma participação efetiva na sociedade digital. Segundo ele, a limitação no acesso pode comprometer direitos fundamentais da população na era da informação.