A internet é uma janela de possibilidades e seu filho está exposto a ela. Porém, qual a melhor forma de protegê-lo? É possível que tanta facilidade, tanta informação disponível a qualquer momento “viciem” a criança a não querer aprender mais? Ou, ao contrário, estamos na melhor era para o conhecimento? O professor Ramón Salaverría, diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia da Universidade de Navarra, na Espanha, acredita que proibir não é a maneira mais indicada de lidar com essa realidade virtual que já faz parte do universo de toda criança. Para ele, a palavra para garantir a segurança é conversa.
E não é apenas um olhar técnico. Ramón usa esse ingrediente em casa. Mesmo sendo uma das 25 pessoas mais influentes da internet espanhola, quando o assunto é educação os cuidados são redobrados. Pai de duas filhas, Aitana, de 6 anos, e Marina, de 3 (“as meninas mais bonitas do mundo, é claro!”), ele não as deixa brincar ou estudar sozinhas na internet. “Nessa idade, se possível, a navegação deve sempre ser realizada com a presença dos pais”, diz.
CRESCER: Suas filhas já nasceram totalmente inseridas nesse mundo da internet. Como você age com o acesso delas?
RAMÓN SALAVERRÍA: A Mariana ainda é muito pequena e não se interessa. Aitana, ao contrário, já usa o computador na escola para aprender a ler e realizar jogos lógicos. Em casa, compramos o mesmo programa didático, assim o contato doméstico é somente uma extensão de suas atividades na escola. Além disso, algumas vezes a ajudo a navegar pelo Starfall.com, um site norte-americano de conteúdo voltado exclusivamente para crianças entre 4 e 8 anos. Mas não a deixo navegar sozinha.
C: Na sua opinião, qual a maior preocupação dos pais em relação à internet?
R.S.: As preocupações variam em função da idade dos filhos. Mas algumas coisas são muito parecidas. Entre elas, o acesso a informações inapropriadas, o contato com desconhecidos e a difusão pública de conteúdos privados. Os perigos puramente tecnológicos, como vírus e programas maliciosos, assim como hábitos sedentários e a perda de tempo do estudo por causa do uso excessivo do computador, também preocupam muito.
C: E o que eles devem fazer para manter a segurança das crianças na internet?
R.S.: Não se pode protegê-las sob um clima de desconhecimento e desconfiança. A chave para uma boa proteção dos filhos não é tanto adotar medidas “policiais”, mas estabelecer um consenso no uso do computador e um clima de comunicação permanente. Para isso, é preciso aprender a usar as diversas aplicações da internet, de um simples e-mail até as redes sociais. A partir daí, estabelecer um diálogo franco com a criança sobre as possibilidades e ameaças da rede, alertando-a sobre condutas perigosas.
Fonte: Revista Crescer