Ninguém sabe ao certo como uma nova sociedade conectada será quando mais de 20 bilhões de objetos, incluindo aparelhos e dispositivos domésticos, estiverem todos conectados à Internet até 2020.
Especialistas garantem que uma maior convergência e inovação entre segmentos industriais deverá ocorrer para promover as mudanças e gerar o valor prometido pela IoT. Segundo o Gartner, três segmentos industriais serão decisivos para o progresso da tecnologia: Saúde, Manufatura e Varejo. Mas, antes deles, as indústrias de TI e Telecomunicações terão que encontrar padrões que permitam maior interconexão entre tudo e todos.
De fato, o futuro prometido pela Internet das Coisas vem impulsionando as empresas de TI, de Telecomunicações e também de Eletrônica de Consumo, principalmente, em direção à criação de novos ecossistemas, ou “oásis”, no território inexplorado da IoT, com o objetivo de fincar suas bandeiras e conquistar um melhor lugar ao sol.
A Samsung Electronics já não esconde investimentos em um sistema de casa inteligente em que seus eletrodomésticos serão conectados e operados de acordo com as necessidades dos consumidores. Na abertura da CES 2015, o CEO, B.K. Yoon, garantiu que 90% dos produtos eletrônicos vendidos pela empresa serão dispositivos IoT já em 2017, incluindo todas as suas TVs, smartphones e tablets.
A Nest e a Google, por sua vez, tentam expandir seus domínios para uma variedade de campos, incluindo a inteligência artificial para a Internet das coisas. Soluções inteligente para cuidados de saúde da Apple, apoiadas nos dispositivos iOS, também fazem parte do movimento IoT.
Embora possa demorar mais de uma década para a IoT tomar forma, os analistas preveem um número crescente de empresas aderindo ao movimento para criar um mundo conectado. Não por acaso, a Nest anunciou 15 novos parceiros para o programa “Funciona com a Nest”, lançado originalmente com apenas cinco parcerias – mais notavelmente o SmartWatch Pebble.
Agora, com o apoio de players importantes no mercado de consumo como LG e Whirlpool, está se tornando claro o quão essencial este programa é para a expansão da Nest além dos termostatos.
Muitos novos parceiros podem aproximar a Nest de um hub (controlador) de casa inteligente. A integração da LG, por exemplo, detecta se você “acidentalmente deixou o forno ligado”, disse Nest em um comunicado.
Intel, IBM e muitos outros grandes players, além da Cisco e da Ericsson, também já começaram a fazer suas apostas.
Diante de tantas possibilidades, uma questão de fundo continua martelando a cabeça dos usuários: como definir e reconhecer soluções de Internet das Coisas?
Outro dia li um artigo muito interessante a respeito, de autoria de Matthew David.
Segundo Matthew, podemos começar dizendo que a IoT está baseada em três principais componentes: hardware, software e a nuvem.
O que reconheceremos imediatamente ao vermos uma solução IoT será o hardware. Quanto menor, melhor. Nesta primeira geração IoT eles são os termostatos, os celulares e os relógios inteligentes. Elementos comuns incluem serviços de comunicações (WiFi, Bluetooth Low Energy, NFC, GPS), sensores de baixa energia, telas de toque e suporte para bateria.
O foco desses dispositivos de primeira geração é convencer os usuários de que eles não precisam de um PC para controlar a automação de determinados ambientes.
A próxima geração IoT vai ver o tamanho do hardware continuar encolhendo e soluções de energia melhores e latentes, nos rodeando o tempo todo. Ao que tudo indica, os dispositivos serão alimentados sem baterias. Louco, né? Mas pense nisso: por que não usar a estática em uma camisa para alimentar o dispositivo de monitoramento de sua pressão arterial? Ou a energia cinética gerada por nossos passos? Startups impulsionadas por muito capital de risco já investem em pesquisas nesse campo. Pense também em roupas inteligentes…
No campo do software, a primeira geração pode ser encontrada em seu telefone – Android, iOS e Windows – e suas APIs e SDKs que permitem a construção de soluções incríveis. Dispositivos de segunda geração serão diferentes. Samsung, Microsoft e Google, através da Nest e da divisão Android Wear já começam a desenhá-la.
A diferença que veremos nessa segunda geração IoT será, provavelmente, segundo os especialistas, o desaparecimento da tela. A IoT nem sempre precisará ter uma tela própria. Precisará, sim, de um software para conectar-se a diferentes e diversas telas. É por isso que o seu telefone pode se tornar o centro de sua vida digital. Ou os concentradores domésticos capazes de funcionar como uma central para processos de controle, como o Sage, da EchoStar, e a “set-top box” Hopper, da Dish. Eles ajudam a criar um sistema de interligação muito completo para a automação residencial, principalmente.
O que nos leva ao último elemento, capaz de interligar tudo: a nuvem. Soluções de nuvem permitirão a execução de processos complexos, completados fora dos dispositivos. Serviços em nuvem poderão executar soluções massivamente complexas – a Adobe Cloud Apps demonstra isso. De muitas maneiras, a nuvem é o elemento chave para o sucesso da Internet das Coisas.
No futuro da Internet das Coisas, o hardware pode tornar-se mais simples e menor, o software pode tornar-se mais “nichado” e cloud (pública, privada ou híbrida), fazer o trabalho pesado.
Mas prefiro ficar com a definição do Cezar Taurion, segundo a qual Internet das Coisas será a convergência de múltiplas “internets”: a das informações (www), a dos sistemas (aplicativos como e-mail, ERP, bancos e de empresas aéreas que se conectam aos clientes via Internet), a das pessoas (nas mídias sociais) e, claro, a dos objetos que se interconectam. O valor surge desta convergência quando objetos podem não só interagir entre eles, mas também com as pessoas, os processos de negócio e as outras “internets”.
Por que 2015 será um ano decisivo para a Internet das Coisas?
Qualquer um que acompanhar de perto a CES 2015 esta semana se convencerá de que “dispositivos inteligentes conectados” não são mais apenas hype. Mas há muito que evoluir até chegar ao cenário “perfeito” de IoT, no qual todos os objetos que tocarmos e usarmos sserão capazes de comunicar-se uns com os outros. Esse universo ainda está muito distante. No entanto, 2015 pode antecipar respostas para algumas das questões-chave relativas ao mercado de IOT e wearables, que determinarão ou não a adoção escala de massa de tais dispositivos nos próximos anos.
Duas dessas questões são a escassez de endereços IP e a consequente adoção do IPv6 e a adoção massiva de redes de banda larga móveis (4G é o mínimo que se deve esperar uma perfeita interação e compartilhamento de dados de todos os dispositivos grandes e pequenos). No mundo todo, veremos as operadoras e a indústria caminharem nessa direção: prover e usar conexões sem fio mais velozes. Isso inclui soluções a partir de conexões WiFi, Bluetooth LE, NFC, GPS.
Ainda não está evidente como os consumidores vão conectar tudo a tudo ,sem dificuldade, especialmente no momento em que plataformas de software concorrentes disputam o mercado, incluindo Apple, Google e outros participantes. 2015 tem tudo para ser um ano definitivo nesse sentido.
Fonte: IDGNow – Cristina de Luca