Muitos me questionam sobre qual é a melhor maneira de proteger as crianças na internet, como se existisse uma forma objetiva de fazer isso como mágica. E infelizmente não é bem assim, porque envolve diversos fatores, tais como os hábitos das famílias, quais as plataformas que eles acessam, se jogam online, se possuem amigos virtuais, mas os criminosos também são criativos em suas táticas e falo disso bastante no livro “Pai Real no Mundo Virtual“.
No livro faço orientações para se conhecer as mais diversas formas de fazer isso, detalho várias estratégias possíveis, incentivo que os pais, conheçam os que seus filhos fazem na internet e o que gosta mais. Estas dinâmicas são muito importantes.
Quando falo sobre a segurança dos nossos filhos na internet, diversos pais pensam que a solução é controlar tudo o que eles fazem, instalando Controle Parental ou mesmo bloqueadores e monitorando o smartphone e não é bem assim. Um fator de sucesso, se não for o que acredito ser o mais importante de todas as estratégias é a conversa e a confiança entre pais e filhos.
E está observação, não é uma opinião somente minha. Segundo a psicóloga Carolina Saraiva de Macedo Lisboa, da Sociedade Brasileira de Psicologia, a verdadeira chave para proteger as crianças e adolescentes no mundo digital está no diálogo. E, acredite, essa solução é bem mais simples e eficaz do que parece. Apesar de eu, particularmente, não acho se tão simples assim. Os pais tem dificuldades de conversar com seus filhos, como detalho no artigo: “Incentive a criança a compartilhar experiências com você” e no Pais Envolvam-se.
Voltando no que diz a Carolina Lisboa. Muitos pais acham que a melhor forma de evitar problemas é olhar o celular dos filhos ou instalar programas que bloqueiam sites e conteúdos inadequados. Mas, segundo Lisboa, essas medidas não resolvem o problema a longo prazo. Pelo contrário, elas podem até gerar mais curiosidade nas crianças e adolescentes, que acabam buscando maneiras de driblar essas barreiras. “O bloqueio só faz com que eles se tornem mais obstinados a acessar o que está sendo proibido”, explica a psicóloga.
É aí que entra a importância da conversa. Ao invés de ficar só de olho no que eles estão fazendo online, o ideal é abrir um espaço para que eles falem sobre o que veem e acessam. “Se os pais encontrarem algum conteúdo inadequado, não adianta apenas dizer ‘eu vi e não gostei’. O melhor é conversar, perguntar o que eles acham, ouvir o que têm a dizer e, a partir daí, orientar“, sugere Lisboa. Essa abordagem cria um ambiente de confiança, onde os filhos sentem que podem se abrir com os pais sem medo de punição.
E essa comunicação não é só para adolescentes. As crianças mais novas, que hoje já mexem em celulares e tablets com facilidade, também precisam de orientação. É importante que elas saibam como reagir se um estranho tentar iniciar uma conversa. “A regra do ‘não fale com estranhos’ vale tanto para a vida real quanto para a internet“, lembra a psicóloga. “Explique para a criança que existem pessoas que não são quem dizem ser e que, às vezes, podem querer fazer coisas ruins.“
Outro ponto crucial é o equilíbrio entre o tempo que as crianças passam online e outras atividades. É normal que os pequenos fiquem atraídos pelo celular, mas é fundamental que eles tenham outras experiências, como esportes, brincadeiras ao ar livre, atividades que promovam socialização e aprendizado. Lisboa reforça: “Nessa fase da vida, é muito mais saudável que as crianças brinquem, leiam, façam esportes ou socializem do que passem horas com os olhos grudados na tela.”
Acredito a anos e pela experiencia tem tenho é que realmente faz a diferença é menos sobre o controle total e mais sobre o diálogo contínuo. As ferramentas ajudam, mas nao podem ser utilizados como o único recurso. Conversar abertamente com os filhos, desde cedo, ajuda a construir uma relação de confiança e garante que eles saibam como se comportar na internet, entendendo os riscos e a importância de fazer escolhas seguras.