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Você já reparou que as crianças de hoje passam mais tempo no mundo digital do que no mundo físico? Redes sociais, jogos, vídeos e aplicativos fazem parte da rotina desde cedo – e, junto com oportunidades incríveis de aprendizado e diversão, surgem riscos reais para a saúde mental, privacidade e segurança dos jovens.

E não é só impressão: o Brasil é um dos países onde crianças e adolescentes passam mais tempo online. Isso exige atenção redobrada de pais, escolas, empresas de tecnologia e do governo.

O Papel das Famílias e das Big Techs
Muitos pais ainda se sentem sobrecarregados: não dominam as ferramentas de controle parental, têm dificuldade em acompanhar as novidades digitais e acreditam que os filhos “já nasceram sabendo” usar a internet de forma segura. Mas isso não é verdade – as crianças sabem usar, mas não sabem se proteger. É como dar um carro de Fórmula 1 para alguém que acabou de tirar a carteira: pode até dirigir, mas os riscos são enormes.

O ECA Digital, recentemente aprovado pelo Congresso, exige que as empresas de tecnologia ofereçam mecanismos mais claros de denúncia, proteção e privacidade para crianças e adolescentes. Isso tira um pouco do peso das famílias, mas não as isenta da responsabilidade de orientar os filhos.

A Primeira Fase Digital: Cuidados Necessários
Rodrigo Nejm, especialista em educação digital, compara a introdução à vida online à introdução alimentar de um bebê: não dá para largar a criança diante da tela sem filtros, assim como não daríamos refrigerante ou fast food a um bebê. E a preocupação é real:

  • 93% dos brasileiros acreditam que crianças e adolescentes estão viciados em redes sociais, segundo pesquisa do Instituto Alana.
  • 93% dos adolescentes de 13 e 14 anos já têm redes sociais – mesmo que especialistas recomendem adiar o acesso até pelo menos os 15 anos.

Minha recomendação: adie ao máximo o primeiro smartphone (idealmente até os 14 anos) e o acesso às redes sociais (pelo menos até os 16 anos).

Saúde Mental e Bem-Estar
O psicólogo social Jonathan Haidt alerta que a substituição de brincadeiras livres por horas de tela está associada ao aumento de ansiedade, depressão, déficit de atenção e problemas de visão.

O tempo de tela recomendado para crianças acima de 5 anos é de no máximo 2 horas por dia – mas esse limite é facilmente ultrapassado. Além disso, pesquisas mostram que redes sociais incentivam comportamentos de risco:

  • Comparação social exagerada
  • Adultização precoce
  • Consumo de conteúdos impróprios
  • Incentivo ao consumo e vícios digitais

O Papel das Empresas de Tecnologia
Muitos aplicativos e redes sociais são projetados para manter os jovens conectados o máximo possível, com rolagem infinita, notificações constantes e recursos chamativos.

Com o ECA Digital, as plataformas deverão oferecer ferramentas de controle e privacidade mais fáceis e intuitivas, dando às famílias mais autonomia para cuidar dos filhos no ambiente digital.

Dicas Práticas para Pais e Responsáveis

  • Converse diariamente sobre o que seus filhos fazem online.
  • Aprenda junto – conheça os apps, redes e jogos que eles usam.
  • Use ferramentas de controle parental para limitar tempo de tela e bloquear conteúdos inadequados.
  • Ensine sobre privacidade e segurança digital (nunca compartilhar dados pessoais, fotos íntimas ou localização).
  • Ofereça alternativas offline – esportes, leitura, passeios e tempo em família.
  • Esteja disponível – crie um ambiente de confiança para que eles contêm caso passem por algo perigoso ou desconfortável online.

Cuidar da vida digital das crianças não é só uma questão de segurança, é uma questão de saúde mental, emocional e social. A tecnologia pode ser uma aliada ou uma ameaça – depende de como é usada.

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