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Ao lado de carrinhos e bonecas, tablets e smartphones. No meio da brincadeira de pega-pega, uma pausa para os jogos eletrônicos. A vivência com a tecnologia faz parte do cotidiano de 60% das crianças entre 6 e 11 anos das classes A e B do Rio, aponta o estudo Riologia, desenvolvido pela NBS e pela Casa 7 Núcleo de Pesquisa. Os pequenos, nascidos entre 2001 e 2007, acompanharam o estouro da banda larga e das redes sociais e o surgimento dos dispositivos móveis, uma revolução que está mudando o mundo e o desenvolvimento infantil.

Essa avalanche informacional modificou a forma como as crianças lidam com o conteúdo a que são expostas. A diretora de atendimento da NBS, Tatiana Soter, uma das responsáveis pelo estudo, classifica essa geração como “F5”, em referência à tecla “atualizar” do computador.

— Representa o rápido, o novo, o atual sempre. A atualização é fácil como apertar um botão — explica Tatiana.

A pequena Giovanna Veiga, que comemora seu décimo aniversário nesta segunda-feira, faz parte da geração “F5”. No ano em que nasceu, surgiu o Skype. Em 2004, foram criadas as redes sociais Orkut e Facebook e, três anos depois, o lançamento do iPhone deu início ao boom do mercado de smartphones. Ao longo de sua década de vida, Giovanna acompanhou o surgimento de diversas ferramentas. Em 2011, ganhou seu primeiro smartphone e, recentemente, um iPad Mini, usados para acessar as redes sociais Facebook e Instagram.

— O pior castigo é ficar sem o iPad. Antes, a minha mãe me proibia de descer para o play. Agora ela fala que vai tirar o iPad — diz a menina.

Cinco ‘Fs’ como marca

Cinco “Fs” definem as características das crianças da geração “F5”. Elas são: full time, estão sempre conectadas; feed, são estimuladas por diversas fontes de conteúdo; filtro, selecionam o que é relevante; foco, se aprofundam nos temas de interesse; e flexibilidade, capacidade de transitar com facilidade entre os assuntos.

— Diferentemente dos primeiros nativos digitais, que tinham uma busca horizontal por conteúdos, a geração “F5” transita entre as fontes de informação e se aprofunda nos assuntos de interesse — explica Tatiana Soter, da NBS.

De acordo com a pesquisa, as crianças da geração “F5” ficam, em média, 2h39m por dia na internet, sendo que 29% delas têm computador próprio e mais da metade (55%), celular. Os meninos se interessam mais por games (34%), enquanto as meninas preferem as redes sociais (24%).

— No geral, o comportamento de uma criança de agora se assemelha muito com o das crianças de 30 anos atrás. Elas gostam de brincar, pular elástico. Mas têm um grande brinquedo que é o iPad. E têm acesso a uma quantidade de informação que não se tinha no passado — diz a diretora da Escola Parque, Patrícia Lins e Silva.

A observação se encaixa na rotina de Giovanna.

— Gosto de jogos de vestir bonecas — conta.

A mãe da menina, Renata Paola Veiga de Oliveira, incentiva o uso de tecnologia. Segundo ela, “não é possível nadar contra a corrente”. Porém, tenta equilibrar o tempo que a filha gasta com gadgets e “brincadeiras da antiga”.

— Ela usa muito a tecnologia, mas eu controlo. Se eu deixar, ela fica direto — diz Renata.

Sérgio Matsuura- Publicado: 13/07/13 – 21h36

Matéria do site O Globo: http://oglobo.globo.com/tecnologia/a-tecla-do-momento-criancas-da-geracao-f5-9028179

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