As crianças da Geração Alpha, conhecidas como os “nativos digitais” tem acessado cada vez com menor idade, ambientes digitais como as redes sociais, jogos online, canais de streaming sem controle de idade ou todos os tipos de vídeos na internet.
Uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatísticas) de 2023, aponta que 90% das crianças entre 10 e 13 anos acessam diariamente a internet e consumem os conteúdos de plataformas como TikTok, Instagram e X, de forma irrestrita e com a conivência de seus pais. Reforçando estes indicadores, a Panorama Mobile Time, demonstra que 44% das crianças até os 12 anos, possuem smartphones para uso pessoal no Brasil, o que sinaliza que o conteúdo está sendo consumido de forma discriminada com a anuência dos pais e responsáveis.
Mas qual o impacto disto?
Diversas instituições e especialistas, seja no Brasil ou no estrangeiro vem apontando o risco acentuado dos malefícios do uso excessivo de eletrónicos pelas crianças com impacto a curto, médio e longo prazo. Já falamos diversas vezes destes riscos aqui no blog.
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) explicita de forma categórica os problemas que são ocasionados como dificuldades no sono, queda no rendimento escolar, impactos na saúde ocular, dores de cabeça, ansiedade e depressão, alimentação menos saudável, obesidade, sedentarismo e transtornos de imagem.
Para Roberta Nascimento, profissional de Psicologia da rede AmorSaúde, um dos principais fatores que desencadeiam esses efeitos sobre as crianças é o processo de recompensa rápida, que ocorre ao consumir um conteúdo que promove um mix de emoções em questão de segundos.
“Com o acesso aos recursos digitais cada vez mais cedo, é comum que testemunhemos uma desaceleração no raciocínio das crianças, assim como uma dificuldade de interação com o mundo exterior, tendo em vista que as redes sociais em especial entregam pacotes de imagens e sentimentos prontos. As crianças deixam então de usar sua imaginação para brincar e pegam tudo pronto das telas”, explica.
Deve se limitar o uso de eletrónicos pelas crianças.
Especialistas de saúde aconselham, em sinergia com a SBP, que crianças menores de 2 anos não sejam expostas a telas; que crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, uma hora por dia; que crianças de 6 a 10 anos utilizem as telas de forma supervisionada de uma a duas horas diárias e jovens maiores de 11 anos não ultrapassem 3 horas diárias de uso de tecnologia.
Para reforçar estas recomendações, destaca-se a importância de atividades físicas e hobbies podem desviar a atenção das crianças das telas e promover interação social e a novas habilidades.
Confira 06 recomendações para incentivar a independência das crianças com os eletrónicos:
1. Atividades alternativas: Atividades físicas, hobbies, brincadeiras ao ar livre e atividades extracurriculares podem ser boas opções para desviar a atenção das crianças em relação às telas, além de oferecer oportunidades de interação social e de aprendizagem de novas habilidades.
2. Controle parental: Muitas plataformas e dispositivos digitais oferecem a possibilidade de que os adultos ativem ferramentas de controle parental para monitorar e restringir o acesso a conteúdos inadequados, além de limitar o tempo de uso. Vou disponibilizar um curso do Family Link em breve. Fique atento.
3. Áreas Zero Tech: Estabeleça áreas da casa onde o uso de dispositivos eletrônicos não é permitido, como cozinha e sala de jantar. Isso ajuda a criar um ambiente mais propício para a interação familiar e o descanso.
4. Sistemas de recompensa: Crie um sistema em que as crianças podem ganhar tempo adicional de tela como recompensa por completar tarefas, boas notas ou bom comportamento. Isso incentiva hábitos saudáveis e a responsabilidade.
5. Seja transparente e motive: Ensine as crianças a gerenciarem seu próprio tempo de tela, ajudando-as a entender os impactos do uso excessivo da tecnologia em sua saúde e bem-estar. Vale também promover a autorreflexão, perguntando como elas se sentem após passar um tempo em dispositivos e encorajando-as a tomar decisões conscientes sobre seu uso de tecnologia.
6. E o mais importante: seja o exemplo!
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