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A prática de compartilhar imagens de seus filhos na internet tem um nome: chama-se “Sharenting”. Entender alguns dos problemas envolvidos é crucial, pois, embora seja comum os pais registrarem o desenvolvimento de seus filhos desde o ultrassom até os primeiros passos e além, a publicação excessiva de conteúdos sobre uma criança nas redes sociais pode levar a riscos significativos a longo prazo.

Definição do Sharenting: Sharenting é a prática de publicar muitas fotos e vídeos de crianças nas redes sociais. O termo, originário do inglês, é uma junção das palavras “Share” (“Compartilhar”) e “Parenting” (“Paternidade”), e já é reconhecido como um verbete oficial no dicionário Oxford. Embora seja um hábito comum, ele é usado para destacar os casos excessivos de exposição dos filhos, substituindo o antigo álbum de fotos da infância por perfis públicos em redes sociais, o que gera implicações relacionadas à privacidade, direitos individuais e saúde mental da criança.

Problemas causados pela alta exposição das crianças: O chamado “oversharenting”, ou excesso de compartilhamento, pode acarretar diversas consequências a longo prazo, principalmente em relação à privacidade, segurança e proteção online. As publicações expõem as crianças a um público não controlado, aumentando os riscos de cyberbullying, assédio e, em casos graves, o uso inadequado das imagens para fins de exploração sexual.

Não é apenas o rosto das crianças que fica exposto; as postagens também podem incluir informações pessoais, como nome completo e local de estudo, que permanecem disponíveis na internet a longo prazo e podem servir como fonte para diversos cibercrimes, incluindo deepfakes ou roubo de dados.

Embora as redes sociais geralmente ofereçam restrições de conteúdo para contas de menores de idade, o problema surge quando os pais optam por postar conteúdo sobre os filhos em suas contas públicas ou criam perfis abertos para acompanhar o crescimento da criança, perdendo o controle sobre quem visualiza as informações.

Impacto no desenvolvimento da criança: O Sharenting pode ter um impacto direto na saúde mental das crianças. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, essa prática pode levar a problemas como ansiedade, depressão e até transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. Um estudo da Universidade de Antuérpia revelou que os jovens podem sentir vergonha das publicações, especialmente quando comparadas com as de seus colegas.

Além disso, os pais também enfrentam consequências negativas, como sentimentos de insegurança e comparações entre seus filhos e os de outras pessoas, o que pode causar tensões.

O bebê como influenciador: Alguns pais usam a imagem de seus filhos como forma de autopromoção nas redes sociais, criando uma espécie de “influencer digital mirim”. Isso pode ser problemático para a privacidade da criança e requer o consentimento dela, já que as crianças não são meras extensões de seus pais.

Sharenting na justiça: Os pais podem ser responsabilizados por consequências negativas relacionadas ao Sharenting, com base no Marco Civil da Internet. A divulgação inadequada de imagens sem o consentimento dos menores e o compartilhamento de conteúdo prejudicial podem resultar em ações legais, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Como reduzir a exposição: Não é necessário evitar completamente o compartilhamento de fotos das crianças, mas é essencial fazê-lo com cuidado para proteger sua privacidade e direitos. Se criar uma conta dedicada a um filho, configure-a como privada para controlar quem pode segui-la. Além disso, se os filhos tiverem acesso a smartphones, configure sistemas de controle parental para filtrar conteúdos e monitorar o tempo de uso.

Essas medidas podem ajudar a equilibrar a prática do Sharenting com a proteção da privacidade e segurança das crianças.

Seja um pai responsável com a imagens de seus filhos. Quer saber mais sobre exemplos de riscos associados, veja a campanha da Deustche Telekom aqui (Conteúdo Sensível).

 

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